
E
lá estava ela, uma menina doce, paciente, serena, meio bruta às vezes,
estabanada, avoada e sozinha, de uma fé inabalável, mas de coração fechado,
totalmente vazio, preenchido somente por ela mesma. Ela estava feliz assim, tudo
ia muito bem, até que surge um grande sapo disfarçado de príncipe, que apareceu
do nada e tomou a mocinha de assalto. E ele depara com uma menina mulher, uma
menina que come tanto quanto ele e não tem vergonha de sujar a boca ao comer,
que esbarra em tudo, que é meio desligada, que anda sem maquiagem, cabelos
presos, roupas simples, nada convencional, diferente do que ele estava
acostumado a ver, mas que proporcionou a ele momentos que ele dizia jamais ter
passado e a princesa acreditou. E ele foi sorrateiramente roubando ela dela
mesmo, até que conseguiu levá-la por completo e sem perceber ela ia abrindo as
portas da sua vida, da sua casa, do seu coração.. Ela não sabia o que a
esperava, (talvez até soubesse, mas como toda menina apaixonada preferiu fechar
os olhos e abrir o coração). Ele como todo “príncipe” com suas artimanhas,
falas ensaiadas, frases feitas gestos batidos e coreografados, parecia ser
aquele cara que ela pedia todas as noites a Deus em oração, mas, mais uma vez a
princesa se enganou. Ele veio rápido e de repente, assim como uma tempestade,
que chega sem avisar, inunda as ruas e casas, faz estragos, deixa inocentes
feridos e vai embora, sem sentir a menor culpa e o que resta é apenas um
cenário bagunçado e triste. E foi assim que ele se foi, deixando inocentes
feridos e o cenário bagunçado e triste. E a princesa ficou lá arrumando tudo
sozinha, mas após a tempestade vem a bonança, não é esse o ditado? Então. Ela cresceu,
sua casa não inunda mais com as tempestades, por que ela construiu uma casa
mais forte, mais resistente e imune á enchentes. E o sol voltou a brilhar e se
encarregou de secar todas as poças de desilusão que restavam. E ela sobreviveu,
por que sabe se virar sozinha, não precisa de príncipe pra se sentir
preenchida, pra saber do seu valor, e a bagunça? Ela deu conta de arrumar e
colocar tudo em seu devido lugar, como sempre fez, por que quando ele se foi a
companhia que restou foi a dela e ela se basta! E aquele sentimento que o sapo
príncipe despertou, as recordações e lembranças, ela tratou de guardar numa
caixinha dentro de seu armário, afinal, momentos bons devem ser guardados, não
é necessário jogá-los fora, mas vai ficar lá, embaixo das roupas, embaixo das
mágoas, embaixo das lágrimas que ela se orgulha de ter derramado. A caixinha
vai ficar lá, esquecida, até o dia em que ela tenha que fazer uma nova faxina,
e hoje ela não acredita mais em príncipe encantado e não se desespera mais
diante de uma tempestade. O que ela quer é viver a vida à sua maneira esperando
o tempo de Deus, por que ela sabe que a tempestade só aconteceu, por que teve a
permissão DELE e se não fosse a tempestade, talvez ela adiasse a faxina que
precisava ser feita. É, talvez tenha sido esse o propósito, fazer uma faxina! Se
por acaso aquele “príncipe” voltar, ela vai estar lá linda, feliz e MAGRA. Se
ele se arrepender? Vai ter que ser muito mais que um sapo, ou um príncipe
encantado, vai ter que ser homem pra reconquistá-la, por que ao tentar se
tornar príncipe, ele se esqueceu do verdadeiro sentido de ser HOMEM.